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LAMENTO AO POBRE BRASILEIRO

  • Egon Ralf Souza Vidal
  • 12 de set. de 2017
  • 2 min de leitura

Pobre brasileiro,

Se estudas, é proclamado alienado, porque não segue ideologias;

Se te calas perante os gritos ensurdecedores da ignorância popular,

É um arrogante, um convencido, um lunático;

Se te pronuncias, no entanto, tentando elucidar um pouco do que depreendes,

É um intrometido, vaidoso, um pedante que só quer ser bajulado;

Se te isolas para manter a sanidade,

Passa então a ser conivente com a maldade dos inescrupulosos;

Se te voltas à religiosidade como forma de clamar ao Criador por coragem e compaixão,

Necessárias para enfrentar as temíveis investidas da maldade na vontade democrática,

O consideram um prosélito, um louco, um fanático perspicaz.

Pobre brasileiro, trabalhador, estudioso, honesto...

Será que nascestes no país errado ou tens um propósito a cumprir?

Será que entrastes num delírio da mais louca esquizofrenia, e,

Alheio a tudo, só dá voz e razão à sua própria consciência?

O mundo se apartou de ti ou te apartastes do mundo, oh,

Pobre brasileiro?

Por que, afinal, faz mal a ti querer ser livre para trabalhar,

Em um país onde a melhor expectativa é se filiar ao Estado?

Por que, oh, pobre brasileiro, livrou-se da crença de que todo o país mudará,

Como num passe de mágicas, se houver investimento e injeção financeira?

Será que é porque sabes que a maior influência está na dimensão cultural, e,

Especialmente atrelada àquilo que se ignora?

Pobre brasileiro, te alienastes e criastes um novo mundo para ti – só para ti! –,

De onde empreendes ações e investigações para conhecer o que não lhe deram,

Saber do que não lhe ensinaram e entender o que o ajudaram a ignorar.

Se o seu mundo é louco, inconformado, solitário, compassivo, tolerante, prudente,

Se és investigativo, questionador, respeitoso, abrangente e inteligente, então,

Pobre brasileiro,

Você não é o que pensa ser, mas, sim, alguém que superou as agruras do tempo.

Você não é um pobre brasileiro, ainda que o assemelhem a isto.

As palavras que melhor representam o seu drama, pois,

São aquelas proferidas pelo poeta Mário Quintana:

“Todos estes que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão.

Eu passarinho!”

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