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Mude de vida. Foque nos pensamentos!

  • Egon Ralf Souza Vidal
  • 18 de ago. de 2017
  • 4 min de leitura

Tabu - Jornal sem preconceitos

Canavieiras, 23 de dezembro de 2016

Não são os acontecimentos em si que nos fazem pensar o que pensamos, sentir o que sentimos e nos comportar de um modo específico. É preciso iniciar este artigo salientando isto. Este é um fato raramente observado pelas pessoas, em geral, uma vez que o mais comum é reagir impensada ou habitualmente às situações cotidianas. Algo tão simples como um pensamento destes é constantemente ignorado, e esta é uma das principais raízes dos nossos problemas pessoais e sociais.

A vida humana funciona de forma muito mais distinta do que se suspeitava. Resumidamente, diria que, para nós, não são os acontecimentos da vida que são realmente importantes. É a nossa interpretação dos fatos – nossos pensamentos e imaginações – que influenciam em nossas emoções e em nossos comportamentos. Este artigo pretende aproximar o leitor de alguns conhecimentos propostos pelas ciências psicológicas e por algumas vertentes da religião, que podem auxiliar no desenvolvimento de uma vida mais feliz, saudável, racional e adaptativa.

Possivelmente você já tenha percebido que as suas emoções e o seu comportamento são modulados por padrões de pensamentos emitidos por você ao longo dos dias. Exemplos serão utilizados para ilustrar estas ideias ao longo do texto, mas, um rápido experimento irá lhe trazer alguma ideia do que lhe será explicado. Responda para si mesmo duas perguntas:

  • Que tipos de pensamentos estão passando por sua mente neste exato momento enquanto lê este texto?

  • Que emoções e que vontades você está sentindo?

Vejamos alguns exemplos a seguir. Um estudante universitário, por exemplo, ao se deparar em plena semana de provas, pode pensar: “não irei dar conta de nada no meu estudo”. Se prestarmos atenção, veremos que este pensamento pode ser disfuncional, uma vez que o estudante talvez possa dar conta de alguma coisa em seu estudo. Este pensamento disfuncional leva o estudante a, primeiro, sentir-se ansioso ou triste e, em seguida, ter como comportamento a desistência de estudar. Você então poderia questionar: o que seria de fato um pensamento disfuncional? A resposta é muito simples.

Pensar de modo incompatível com a realidade é uma forma disfuncional de cognição. Existem muitas formas de disfunção cognitiva (ver Tabela 1 para alguns exemplos), que podem levar uma pessoa ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos sérios, como a depressão e ansiedade.

  • Catastrofização: Pensar que o pior de uma situação irá acontecer sem levar em consideração outros possíveis desfechos;

  • Raciocínio emocional: Pensar que sentimentos (emoções) são fatos, considerando que algo é verdadeiro apenas porque se tem uma emoção/pensamento muito forte;

  • Leitura mental: Pensar que se sabe o que os outros estão pensando, sem considerar diferentes alternativas;

  • Rotulação: Rotular a si mesmo, uma pessoa ou situação de modo a generalizar um evento, ao invés de focar no problema específico. Exemplo: “Sou um fracassado”, “ele é um mentiroso”.

Um pensamento simples, como apresentado no exemplo do estudante, pode ser crucial para o desenvolvimento de uma vida limitada e restrita aos mesmos padrões emocionais e comportamentais disfuncionais. O estudante pode ser levado (por seus pensamentos e emoções) a ter péssimos resultados nos seus exames acadêmicos, reforçando também a sua crença pessoal de que é um fracassado. Quando o estudante pensa “não irei dar conta de nada no meu estudo”, ele está tendo um tipo de disfunção de pensamento chamada de pensamento catastrófico. Nesses tipos de pensamentos, as pessoas tendem a avaliar uma situação da pior maneira possível, sem considerar que algum desfecho diferente poderia acontecer.

As distorções cognitivas (de pensamento) podem ser identificadas pelo automonitoramento ou introspecção. Você pode fazer isto em qualquer lugar e a qualquer momento. Por exemplo, da próxima vez em que você estiver sofrendo com emoções desagradáveis, ou percebendo que não está se sentido como deveria, emocionalmente falando, tente verificar que tipos de pensamentos estão passando por sua mente. Talvez não perceba um pensamento verbal, como uma frase ou palavra; talvez você perceba que está se imaginando em alguma circunstância desagradável no presente, passado ou futuro. A imaginação é um tipo de pensamento (cognição) e pode provocar os mesmos efeitos que os pensamentos verbais provocam nas emoções e nos comportamentos.

O questionamento da veracidade dos seus pensamentos é uma forma positiva para a modificação dos mesmos. Se em uma situação social, como numa conversa com uma pessoa, você pensa “ele não gosta de mim” ou “ele me acha chato”, você pode estar distorcendo a realidade. A esta disfunção cognitiva dá-se o nome de leitura mental. Mais uma vez, este simples pensamento poderá desencadear várias reações emocionais, fisiológicas (como sudorese e taquicardia), bem como comportamentos desadaptativos, como a fuga das situações sociais ou o isolamento.

Talvez o pensamento de que alguém não goste de você não seja válido, porquanto não existem indícios que confirmem o que você pensa sobre o que as outras pessoas estão pensando a seu respeito. Assim, este pensamento pode ser apenas fruto de suas crenças sobre o mundo, seu futuro ou sobre você mesmo. Testando a veracidade dos pensamentos que estejam provocando alguma emoção desagradável, de modo racional, pode-se obter bons resultados.

O seu destino é traçado por seus pensamentos. Até este instante, você poderia ter decidido parar de ler o texto ou continuar a lê-lo até o fim. Isto está de acordo com o tipo de pensamento que você estava tendo ao responder às duas questões apresentadas anteriormente, no início do texto. Os entraves da vida, muitas vezes, são autoimpostos. Por isso, ao ser humano cabe o estabelecimento de um vínculo íntimo dele para com ele mesmo. Esta medida é preventiva, protetiva e promove saúde, já que as diversas más interpretações da realidade e preconceitos são os maiores geradores de emoções doentias e comportamentos inadequados. Mudar de vida é mudar de pensamento. Não se muda a ação sem que se altere a sua motivação. Não se altera a realidade sem se alterar aquilo que a cria. Quebre as pernas das suas preocupações e de uma vida insatisfatória mudando a sua forma de pensar!


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